Em uma das discussões de riscos, um 
diretor comentou sobre a prática de descobrir coisas legais durante a execução 
da estratégia e gerar resultados diferentes e até melhores dos pretendidos 
inicialmente. Achei super interessante porque é o inverso de mitigar riscos, uma 
das faces da gestão de riscos.. a outra é identificar e explorar oportunidades.  
Isso me lembrou o termo serendipidade que vem de “serendipity”, uma palavra inglesa criada pelo britânico 
Horace Walpole em 1754 em referência ao conto persa infantil “Os três príncipes 
de Serendip”. [spoiler] Neste livro, 3 irmãos partem em uma viagem para 
ganhar uma formação cultural a pedido do pai, mas graças às suas capacidades de 
observação e sagacidade acabam solucionando vários problemas das cidades locais 
durante o caminho e foram reconhecidos, no final, como sábios em vez de bons 
aprendizes. 
Serendipidade acabou sendo uma palavra que designa a habilidade de ter a mente aberta a novas ideias, perceber as oportunidades e saber como explorá-las. Não é sorte. Não é tentativa e erro. É sabido que muitas descobertas científicas são feitas por acaso. William Beveridge, em seu livro Seeds of Discovey, distingue três diferentes tipos de descobertas casuais: intuição a partir de justaposição de idéias, intuição do tipo eureka e serendipidade. Na ciência tem até um axioma sobre isso:
“No campo da observação, o acaso favorece apenas as mentes preparadas”
Serendipidade acabou sendo uma palavra que designa a habilidade de ter a mente aberta a novas ideias, perceber as oportunidades e saber como explorá-las. Não é sorte. Não é tentativa e erro. É sabido que muitas descobertas científicas são feitas por acaso. William Beveridge, em seu livro Seeds of Discovey, distingue três diferentes tipos de descobertas casuais: intuição a partir de justaposição de idéias, intuição do tipo eureka e serendipidade. Na ciência tem até um axioma sobre isso:
“No campo da observação, o acaso favorece apenas as mentes preparadas”
Muitas das 
descobertas do nosso tempo, como por exemplo, a Penicilina, o Raio X, a 
Aspirina, o Viagra, o Nylon, o Teflon, o Velcro e os "Post-it" foram casos de 
serendipidade; 
Então, a serendipidade pode ser uma vantagem competitiva... como 
seria possível sistematiza-la nas empresas? 
Uma boa proposta está no livro "OEfeito 
de Medici" de Frans Johansson que diz ser possível quando se 
consegue "cruzar campos, disciplinas e culturas diferentes tornando possível 
combinar conceitos já existentes num grande número de novas ideias 
extraordinárias". Acho que vem daí a importância de ter gerentes de projetos 
capazes de integrar disciplinas e pessoas e gerar resultados. 
Outra boa fonte e tudo a ver com o 
livro citado acima  está na  rede social Quora com a 
pergunta "Can you engineer 
serendipity?": 
 A resposta que está lá é do futurista 
Ross Dawson que diz que é possível, 
sim. Ele indica que para isso é preciso ter o desenho de uma estrutura de rede 
de trabalho cujos nós (pessoas) tenham uma probabilidade maior de se 
conectarem harmoniosamente entre si. Ou seja, não basta colocar as pessoas 
em ambientes de trabalho menores e populados, o que pode levar ao aumento de 
distração e conflitos que geram grande improdutividade. Em um nível limitado, a 
engenharia pode ser feita expondo consistemente um pool de pessoas entre si. E 
também, trazendo pessoas de fora. O que é importante é o grau de similaridade 
dos nós (pessoas) para que haja conexões harmônicas, são muitas dimensões que 
incluem similiaridades de perfis como interesses, aspectos de personalidades, 
experiências profissionais, etc.  A engenharia está em testar e ajustar os 
diferentes níveis de similaridades, obsevar e descobrir os que geram maiores 
resultados de serendipidade dentro de um contexto particular. 
Em fevereiro deste ano, a empresa Yahoo desistiu 
do Home-office e pediu para que todos os seus funcionários retornassem aos 
escritórios. As razões tiveram menos a ver com produtividade e muito mais com 
serendipidade. O memorando da empresa teve uma mensagem clara: “Algumas das 
melhores decisões e inspirações partem das discussões nos corredores e 
cafeterias, ao conhecer novas pessoas, e  reuniões de equipe 
improvisadas.” 
No mesmo dia, a empresa Google forneceu detalhes 
do seu novo projeto de ampliação da sede em Mountain View. O projeto, um 
complexo enorme, prevê que nenhum funcionário fique mais de 2,5 minutos de 
distância a pé de outro. São cerca de 13 mil funcionários...   O 
engenheiro David Radcliffe disse que a ampliação começou "não com uma visão 
arquitetural, mas com uma visão da experiência de trabalho" dos funcionários no 
local.  Vários prédios terão jardins e espaços de encontro nos 
terraços, cafés gourmets, mesas de bilhar, boliche e academia de ginástica. 
"Desenhamos isso de dentro para fora. Como resultado, o layout foi feito para 
maximizar as ‘colisões casuais da força de trabalho’", explicou Radcliffe. 
Google já é uma empresa reconhecida pelos seus escritórios enxutos, mas é 
interessante que isso acontece para ganhos de produtividade e não por redução de 
custos. 
“Eu quero que cada gerente nosso passe 10 a 20% do seu tempo fora 
do escritório, liderando a equipe” – disse Mr. Hsieh da Zappos 
onde os escritórios se encontram densos para que as pessoas esbarrem uma nas 
outras. “Quando as pessoas se movimentam para mais longe, isso reduz muito o 
contato”. 
Todos os 
funcionários destas empresas estão mapeados em redes sociais o que torna mais 
fácil fazer a engenharia de serendipidade... e não duvido que essa seja a 
intenção deles.

 
 


