16/10/2008

Teoria do Conhecimento - Parte IV

IDEALISMO DE PLATÃO

Para Platão, há dois mundos possíveis que ele chamou de "mundo sensível" e "mundo inteligível".
O mundo sensível é o dos objetos que pertencem a natureza física e humana. É o mundo físico, do movimento, da mudança, do dinamismo, da pluralidade, das imagens, enfim, de tudo aquilo que é particular, ou seja, o mundo dos sentidos (audição, visão, paladar, tato e odor). Por ser subjetivo, a ciência não pertence a ele.


A alegoria da caverna.

Nós, homens, vivemos no mundo sensível ou da opinião e Platão dizia que somos semelhantes a prisioneiros que nunca viram o sol e, que estão com os braços e os pés acorrentados no fundo de uma caverna. Ele complementa a metáfora dizendo que dentro da caverna e nas costas destes prisioneiros há uma fogueira que os prisioneiros não veem pois estão de costas. No fundo da caveerna e à vista dos prisioneiros, se desenham as sombras das pessoas e animais que passam do lado de fora da caverna. A vida e as opiniões dos homens prisioneiros se baseam nas vozes e sombras que projetam-se na parede do fundo da caverna. Essas "verdades" criadas pelos homens prisioneiros nada mais são do que figuras deformadas da realidade (que se passa fora da caverna).



Platão diz que os homens ficam nesse estado até que um deles se libertasse de suas cadeias e conseguisse, mesmo com muita dificuldade, sair da caverna para contemplar a luz do sol e as coisas "reais".


Platão queria dizer que os homens somente podem ver as coisas do mundo sensível que não são nada mais do que imagens ou sombras das verdadeiras realidades.


Platão cogitou como a realidade sendo o "mundo inteligível". E a partir de um exercício de concepção do mundo inteligível teríamos a capacidade de responder sobre a existência e sobre o que há no lado externo "da caverna".



Esse exercício, Platão mostrou como método a filosofia e a dialética, especificamente.


A ciência é " em si ciência do conhecimento ou do objeto a dar-lhe, seja qual for" (República, 438c.)



O método da ciência é a dialética. A dialética pode ser compreendida em dois sentidos: primeiro, lógico e, em segundo lugar, ontológico.


Ao sentido lógico, a dialética significa a arte da discussão por meio do diálogo, no qual intervém pelo menos um dos interlocutores. Dialética é saber interrogar e saber responder. A dialética se propõe a ser um método pelo qual possamos passar do particular para o universal. É um método racional e não de persuasão.

Isso implica a dois outros aspectos - a síntese e a análise. Na síntese, eliminamos as diferenças por meio de reduções da confusa multiplicidade para a unidade concreta, expressada por um conceito comum. A síntese endossa nosso problema, mas não o resolve.
Na análise dividimos o conceito em partes. Decompomos o conceito de acordo com a natureza deste, até chegar a unidade indivisível.

Ao sentido ontológico, os objetos são as entidades transcendentes do mundo ideal. Platão define o Ser pertencente ao mundo inteligível, e o não-Ser no mundo sensível.

O Ser é universal e necessário, o sujeito do conhecimento; e o não-Ser é particular e contingente, o objeto do conhecimento.


Assim , com esses conceitos em mente, podemos tentar refletir sobre onde está o verdadeiro conhecimento das coisas.


O conhecimento não está nas pessoas, mas sim no exercício da busca da verdade universal, sem subjetividades. Daí, a necessidade de métodos. Mas, aí é papo para a parte V desse post.

3 comentários:

Elaine Pivoto disse...

Rafael, creio eu que a essência nao consiste em algo imutável ou físico. Está também ligado as subjetividades, nao? Quando dizemos de uma competência essencial, podemos dizer de sua capacidade subjetiva de se tornar apta em conhecimentos específicos. Enfim, escrevi sobre competências essenciais em meu trabalho de finalização de curso e isto é assunto bem recorrente. Isto sim, parece difícil manter uma essência sem o manejo da subjetividade. O manejo subjetivo é a presença dos ideais e valores humanos e o homem, sim, deve se libertar da especificidade da essência e ir de encontro ao Ser. Beijao e bom final de semana!

Elaine Pivoto disse...

Quando digo a "especificidade da essência" quero dizer, em parte, que quando a essência está desenvolvida para o bem específico tornando-se apta a transcender a própria essência, superando a especificidade essencial, o Ser será/estará essencialmente desenvolvido e superado. Tem que praticar. hehe.

Unknown disse...

"O homem é a medida de todas as coisas" - Protágoras. Em oposição ao grande sofista Protágoras, Platão e Sócrates acreditavam que existem "verdades universais". Daí, todos os seus discursos.