11/08/2008

Oratória X Scramble Eggs

Os gregos foram verdadeiros amantes do discurso e aprecivam a eloquência da fala mais do que qualquer outro povo antigo. Na Grécia, com a democracia, o povo passou a ter a cultura de reunir-se em assembleia geral para tratar e decidir todos os tipos de questões. Logicamente, os que melhor falavam eram também os mais influentes. Não é preciso dizer muito que rapidamente os dotes oratórios se tornaram objetos de estudo e de grande valor.

Os menos hábeis na oratória tinham de pedir a ajuda dos mais preparados. Logo, floresceu, então, uma classe profissional de especialistas na arte de bem falar e escrever.

Por meados do séc. V a. C., as técnicas já estavam fundamentadas e bem utilizadas e surgiram os primeiros tratados de retórica, atribuídos a Kórax e Tísias, praticamente direcionados à oratória forense e com relevância nos truques do orador para vencer em juízo.

A grande referência da técnica da retórica foi o sofista Górgias. Para ele, a oratória deveria excitar o auditório até o deixar completamente persuadido. Não lhe interessava a verdade objetiva, mas tão somente o convencimento dos ouvintes.

Para isso, o orador deveria saber adaptar-se ao carácter dos que o ouviam. E teria de usar uma linguagem brilhante, cheia de efeitos, figuras e ritmos, sem obediência a qualquer finalidade política ou forense e orientada fundamentalmente para fazer realçar a si próprio.

Quando Aristóteles chegou a Atenas, Isócrates era o mais famoso e influente Mestre de retórica e possuía uma escola mais bem sucedida que a Academia de Platão, com a qual era rival na formação de mancebos.

Isócrates acusava os sofistas (aqueles que cobravam pelos seus serviços) de perderem o seu tempo e fazerem perder o dos demais com subtilezas intelectuais sem qualquer relevância para a vida, para a política ou para a ação.

Igualmente condenava os retóricos formalistas por inculcarem nos seus alunos a falsa ideia de que a aplicação mecânica de um receituário de regras ou truques poderia levar ao êxito.

Isócrates proclamava a necessidade de uma formação integral, uma Filosofia onde a retórica era relevante.
Platão era contra essa concepção por achar que o ensino de Isócrates também era frívolo e superficial, dirigido unicamente ao êxito social, ficando à margem de todo o questionamento filosófico ou científico sobre a natureza da realidade.

Aristóteles insurge-se contra os retóricos que o precederam, acusando-os de se terem contentado com o compilar de algumas receitas e um sem número de subterfúgios ou evasivas aplicáveis à oratória, que visam apenas a compaixão dos juízes.

Aristóteles afasta-se de toda a concepção negativista da retórica, reconhecendo-lhe finalmente a dignidade de fundamento e de uso que até aí tanto fora questionada, especialmente por Platão e seus seguidores.

Hoje, a técnica retórica é considerada útil para todos os cidadãos e até para os filósofos, pois perante os auditórios populares que formam as assembleias e os tribunais, de nada servem as demonstrações puramente científicas, sendo imprescindível recorrer à retórica, para obter o entendimento e convencer os restantes co-participantes. Se não, corre-se o risco de ser vencido e ver a verdade e a justiça escamoteadas.

Já ouviu falar de SCRAMBLE EGGS???
É uma técnica utilizada, principalmente por pessoal técnico, para dar a um certo profissional a razão em tudo e ter autoridade no assunto. O profissional utiliza especificações técnicas e jargões da área para tornar assuntos relativamente fáceis de ser entendidos em assuntos extremamente complexos. Isso gera valor para sua expertise.


Porém, ao se encontrar com profissionais de gerenciamento, esses profissionais "scramble eggs" são geralmente desmascarados. Por isso, não gostam de compartilhar seu "conhecimento" e evitam falar com outras pessoas senão aquelas que já conhecem e podem aplicar o "scramble eggs". Projetos com pessoas scramble eggs, geralmente são gerenciados em 2 níveis: um de gerenciamento e outro técnico. Não se misturam e não há colaboração. Apenas, conflitos de interesses e acordos sucessivos. Não há como dominar um profissional scramble eggs, é um tormento para um projeto. O Gerente de Projetos deve-se basear nas técnicas de gestão de pessoas de tecnologia e contar com patrocínio forte para poder dar ritmo à execução e contar com um planejamento técnico sob seu controle.

Um comentário:

Elaine Pivoto disse...

Ainda continuo aprendendo mto com suas postagens. Esta e a última estão sendo mto importantes para mim... Porém, há perguntas feitas que ainda não foram respondidas... E tem haver com ética e sobrevivência. Grande abraço!